Nossa amiga Clara, do blog Infinito particular, nos recomendou um
livro que estava lendo, "Menino de Ouro”, de Abigail Tarttelin, cujo
personagem principal era Max, um intersexual. Este post é em agradecimento à indicação.
Abigail conta a história de um
hermafrodita verdadeiro (46xx/46xy) e seu mundo de segredos. Por pertencer a
uma família influente em uma cidadezinha do interior da Inglaterra, Max teve
seu segredo guardado as sete chaves, e aprendeu a não tocar neste assunto vendo
o casamento dos seus pais desmoronar em frente aos seus olhos.
O livro narra a história partindo
da adolescência de Max, dando ênfase às relações carnais entre adolescentes,
problematizando o início das relações sexuais para os intersexuais. A autora
escreve sobre a redescoberta de Max do seu próprio corpo, a tomada de
consciência do corpo intersexual.
(ALERTA DE SPOILER)
A autora mostra como o desconhecimento do
corpo do intersexual pode afetar as relações do indivíduo intersexuais. Quando
narra a violação do corpo de Max, que não fez nenhum cirurgia reparadora quando
criança, pelo seu melhor amigo e o impasse que ele viveu após o trauma (sou um
menino/menina?! Sou um menino? O que eu sou?!), o pensamento mais chocante vindo
de Max é: “Mas certamente, Isso acontece com meninas”. Um ato de violência vem
carregado de significados dolorosos por si só, imagine para Max, que é
intersexual. É neste contexto que Max começa a se questionar, apesar de ter
toda a certeza que é menino, o que faz dele menino ou não? Quem tem o direito
de decidir o que ele vai ser?
Abigail ainda explora a reação da mãe de Max
ao se deparar com um filho intersexual, a sensação de fracasso,de que cometeu algum erro, seguida da
incerteza da longevidade do filho, de se ele vai conseguir ser feliz como
intersexual, se deveria ter feito a cirurgia reparadora ou tomou a decisão
certa. A reação da mãe de Max quando ele contou que estava grávido, o desespero
que alguém descobrisse, o medo de perder o filho, de fazê-lo infeliz.
É emocionante ver a realização de Max ao
aceitar sua condição de intersexual, ele diz: “Meninos e meninas e pessoas
intersexuais e eu somos apenas ideias, e, quando morrermos, essas ideias
desaparecerão conosco.” [...] “Eu estou vivo. Isso é uma coisa boa. Estou feliz
com isso. Sou intersexual e começo a aceitar melhor esse fato.”.
Enfim, é uma história muito
bonita e cheia de surpresas, vale a pena a leitura!
Muito delicado o reconhecimento a Clara e a indicação da leitura. Mas vcs falam de uma beleza no livro. Ele defende algo que vcs defendem tb? Notem que a vcs cabe uma leitura crítica!!
ResponderExcluirQue legal que o livro foi proveitoso pra vocês pensarem no tema, gente! Adorei :)
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