O filme
traz uma série de situações pertinentes ao mundo da intersexualidade, muitos
dos quais já trouxemos aqui para discussão. A questão da sexualidade está
sempre presente em Alex, desde suas conversas com Alvaro sobre masturbação, seu
interesse por sexo, até as temáticas da identidade de gênero e orientação
sexual.( Leia nossa postagem sobre Sexo, Identidade de Genero e OrientaçãoSexual) Alex,
logo no início do filme demonstra não ter vontade de tomar os medicamentos que
inibem sua masculinização, assim como afirma não querer passar por cirurgias
reparadoras e além disso passa a sentir interesse por Álvaro, que também
retribui o sentimento.
Outro
aspecto importante trazido no drama é o estigma sofrido por Alex. O fato da
família ter se mudado para um lugar mais distanciado da cidade já é um motivo
pelas pressões sofridas para que a garota passe pela cirurgia reparadora. Além
disso, sua condição intersexual passa a ser descoberta pelos moradores do
vilarejo, que agem de forma discriminatória e invasiva.
A questão
familiar é outro ponto importante. A mãe convida a família pensando numa
possível intervenção cirúrgica de Alex, pois acredita que este talvez seja um
desejo da garota, que poderá ser socializada de forma "normal". O
pai, Kraken, por outro lado, se mostra intransigente à ideia. Uma cena
interessante é a da conversa entre Kraken e um intersexual que vive como homem
depois de uma cirurgia reparadora. Este fala sobre suas vivências anteriores,
sobre suas escolhas e como foi passar pela intervenção médica. Para saber mais sobre este tema,
leia esta postagem a respeito das cirurgias reparadoras e suas
implicações.
XXY é um
filme que retrata as angústias e as formações subjetivas de sujeitos
intersexuais e promove uma discussão muito rica sobre as singularidades da
formação de cada ser humano. É também um retrato da sociedade que estranha,
repudia e tenta normatizar o incomum. Alex, quando seu pai lhe tranquiliza ao
afirmar que dará tempo para ela escolher o que quiser ser, responde de forma
simples e que poderia ser até inconcebível para muitos: "E se não tiver o
que se escolher?".
O filme
está disponível na aba "Links Relacionados", do lado direito do blog.
Nasci intersex! Fui operada aos 3 anos de idade para ser uma menina, me colocaram na sociedade, mas o que posso dizer é que, a preocupação com o que a sociedade vai pensar, optando pela operação podem " atropelar " o direito de uma vida feliz. Pois antes de ser homem, mulher ou intersex, somos seres humanos que têm direito a fazer suas escolhas e tentar ser feliz. Escolheram por mim, escolheram errado...
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