quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

As lutas dos intersexuais pelo mundo:

Ao redor do mundo existem inúmeras organizações que trazem a intersexualidade para plano principal - são as chamadas Organizações Internacionais dos Intersexuais (OII) - nesse site você pode ser direcionado para os blogs das OII´s de vários países, inclusive o site brasileiro.  

Fonte: http://bit.ly/1et2bzB


As OII´s trazem como Principios Fundamentais, dentre outros: a rejeição pela categorização dos intersexuais em termos médicos, aos discursos de impossibilidade de desenvolvimento humano em condições “bi-compartimentadas” socialmente de modo sexista. Além disso, advogam a favor do “direito a seu corpo, a seus genitais e a sua auto-identificação, de forma autônoma.”  sem a interferência “autoritárias e heterônomas” sobre este e a sua identidade. Para ler todos os principios fundamentais, clique aqui.


Outra questão bastante importante a ser trazida aqui é a condição de falta que rodeia os indivíduos intersexuais. Por conta da desinformação e, principalmente, da rejeição por meio da sociedade a indivíduo em condições “atípicas”, as pessoas intersexuais vivem em condições de pobreza e descuido (leia esta entrevista com @ ativista e terapeuta intersex Mani Mitchell sobre a pobreza e pessoas intersex).


“Quando você não faz parte da sociedade, é difícil prosperar. Coisas simples como acesso ao trabalho remunerado, um lugar seguro para viver, cuidados médicos adequados, são todos conectados. Temos pouquíssimos dados sobre quantas pessoas apenas existem de uma forma muito triste, como muitos jovens simplesmente desistem, como muitos outros se perdem num mal-estar mental, no abuso de drogas e álcool…”


Por fim, quero trazer novamente a questão das intervenções cirurgicas e medicamentais como ponto-chave no debate dos movimentos intersexuais. Já falamos sobre as intervenções médicas Aqui (de forma mais explicativa) e Aqui (fazendo uma análise do discurso de poder biomédico sobre as cirurgias). Descontruir uma ideia “humanidade sexuada” (você é, antes de tudo, homem ou mulher), tão fortemente adotada na nossa cultura, parece ser um primeiro passo para a despatologização de indivíduos que não conseguem se encontrar em categorias físicas e “socialmente naturalizadas” de ser humano. A busca, por movimentos intersexuais ao redor do mundo, pela aceitação e autonomia sobre o próprio corpo propõe que as cirurgias de readequação sexual consideradas “necessárias” (sem de fato o serem - considerando o não risco à vida do indivíduo) sejam repensadas, relativizadas e evitadas, até possibilidade de conhecimento e escolha do próprio sujeito intersexual, em fase posterior de sua vida. Conceder ao intersexual a escolha principal sobre o seu próprio corpo e sua identidade se mostra fundamental para se começar a pensar, de fato, em igualdade de direitos (Falaremos em breve sobre questões legais envolvendo indivíduos intersexuais e os limites para essa igualdade de direitos) e respeito a multiplicidade dos corpos.


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