segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Repensando o Sexo IV: Os hormônios definindo Masculinidade e Feminilidade?



        
         

               Assistimos hoje na sociedade, baseando-se nos postulados e achados científicos, um reinado do discurso de um “corpo hormonal” (Boof) (Nucci & Russo) que se sobrepõe a outras visões biomédicas e que por sinal é amplamente divulgado pelas mídias em massa e aceito pelo público em geral. Nesta visão os hormônios e suas relações com o cérebro seriam determinantes para tudo e explicariam todas as coisas, incluindo os comportamentos entre os sexos opostos, inteligência, atenção, habilidades e orientação sexual. Por esta visão, a presença de hormônios como progesterona e testosterona, bem como suas variações, seriam determinantes para a justificação de características ditas masculinas e femininas e a explicação de como o indivíduo reage às atividades de vários níveis sociais atribuídas a cada gênero.
             Nesta concepção segundo Oudshoorn, haveria uma visão de hormônios completamente dualista, que ao concebê-los tanto em sua função como em sua origem como femininos ou masculinos revelam um pensamento binário reinante que em essência mostra uma visão completamente polarizada da noção de pertencimento do sujeito entre as fronteiras do masculino e feminino.
            Tudo isso começou por volta de 1930 quando a endocrinologia trazia ao mundo uma nova visão para os comportamentos sexuais, identificando e nomeando hormônios “femininos” e “masculinos” como determinantes da feminilidade e masculinidade, respectivamente. Mais tarde esta perspectiva foi sendo contraposta por uma visão “qualitativa” dos hormônios, onde se reconhecia que num mesmo organismo poderia haver ambas as características em diferentes graus, porém esta visão ainda não abandonou o sistema de classificação dos gêneros. Em 1959, cientistas do Departamento de Anatomia da Universidade de Kansas após experimentos com ratos, postularam a Teoria Organizacional que nas suas entrelinhas trazia a concepção de que ainda no útero os hormônios sexuais eram responsáveis pela diferenciação sexual do embrião e que por sua vez manifestariam, dependendo do hormônio, comportamentos “masculinos” ou “femininos”. Tal teoria extrapola para o âmbito dos seres humanos e rapidamente "assume" que, em homens, o comportamento masculino se apresenta na presença de andrógenos no cérebro, enquanto o comportamento feminino se caracteriza pela ausência destes hormônios. Assim, é visto neste pressuposto  que o comportamento seria produzido pelo cérebro e qualquer alteração deste iria mudar também o comportamento do indivíduo.
            Para Boff (2013), esses dados obtidos pela biogênese mostram o papel do sistema límbico no cérebro, que seria responsável pela sexualidade e o amor, influenciariam poderosamente a organização da sexualidade tomando como exemplo os hormônios e sua importância na diferenciação sexual, ele diz:



"Sabe-se que os hormônios, especificamente, andrógenos pré-natais, operam uma diferenciação masculina e feminina de algumas porções do sistema nervoso central. Mulheres que sofreram, por exemplo, uma androgenização fetal parece resistir a uma socialização (considerada) feminina e mostram interesses e níveis de atividade tidos como adequados aos homens. Homens que sofrem de insensibilidade congênita aos andrógenos pré-natais, assumem características comportamentais tidas nitidamente como femininas e se opõem a uma socialização dita masculina."




           
A Intersexualidade e a Mudança de Paradigmas.
             
"A intersexualidade  é vista como uma Anomalia da Diferenciação Sexual (ADS), que resulta em genitália ambígua, onde tal anormalidade pode ter origem em distúrbios cromossômicos, no mau desenvolvimento gonadal ou nos distúrbios da produção ou na atividade de certos hormônios." (Pippi Salle e Jednak, 2008, apud Hemesath, 2010). Suas causas ainda são um mistério em resolução, mas na biologia, como nas ciências em geral, as anomalias e exceções ajudam a entender o que é “normal” e, sendo assim pesquisas foram feitas observando casos de intersexuais que podem mudar um pouco este paradigma hormonal, onde a mulher é um ser cujos hormônios masculinos não foram ativadas.


(Entrevista com Eric Vilain)
O geneticista Eric Vilain da University of Califórnia em Los Angeles (Ucla) estudioso da área, identificou genes chamados de WNT4, que são, segundo ele, especificamente femininos, e são ausentes nos homens. Esta descoberta está mudando o paradigma que para produzir um ser do sexo masculino bastava-se ativar hormônios pró-masculino. Ele mostrou que para produzir seres do sexo masculino precisava-se ativar uma série de genes pró-masculinos, além de inibir genes antimasculinos que, segundo Vilan, podem ser pró-femininos. Porém, isso ainda esta sendo estudado. Entende-se hoje que os genes femininos não são passivos como se pensavam, e sim ativos. Vilan ainda propõe que a diferenciação do cérebro, causado por determinação genética, justifica um ser apresentar-se masculino ou feminino, independentemente dos hormônios.


Estes achados nos estudos com Intersexuais e outros desafios, descobrindo os fatores que causam a formação de genitálias ambíguas nos mostram a importância de pesquisas nesta área. O mapeamento genético juntamente com a descoberta de fatores hormonais, são ferramentas que ajudarão a desvendar mais ainda as causas das ADS, porém ainda poderemos nos perguntar, em meio a estes avanços, quais serão as  repercussões sociais em torno dos intersex? Será que estas descobertas não fortalecerão mais ainda a visão binária de gênero e continuará reforçando os procedimentos de adequação dos mesmos? O fortalecimento de um discurso patológico acerca dos intersex não acabaria aumentando não só o preconceito como também a dificuldade de aceitação deles próprios?

Estas e outras questões serão melhor discutidas nas próximas postagens.




Referências:
Hemesath, T. P. (2013). Anomalias da Diferenciação Sexual: Representações Parentais sobre a Constituição da Identidade de Gênero.Psicologia: Reflexão e Crítica, 26(3), 583-590.

Nucci, M. F., & Russo, J. A. “O Sexo do Cérebro”: uma análise sobre gênero e ciência. Brasil. Presidência da República. Secretaria de Políticas para as Mulheres, 6, 31-56.

http://www2.uol.com.br/sciam/reportagens/quando_uma_pessoa_nao_e_xx_nem_xy_imprimir.html

http://www.leonardoboff.com/site/vista/outros/a-construcao.html.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

(Re)pensando o sexo III: O Consenso de Chicago e as novas nomenclaturas para os estados intersexuais: Implicações éticas e sociais nas mudanças dos termos.


Intersexualidade, Hermafroditismo, Anomalia de Diferenciação Sexual. Esses e outros termos são utilizados, uns com mais preponderância em épocas específicas que outros, para designar aqueles indivíduos que, por fatores conflituosos, não são facilmente “encaixados” em termos da dicotomia homem/mulher. Mas qual a diferença entre esses termos? Ainda, quais implicações o uso desta ou daquela nomenclatura trazem para os profissionais envolvidos; para os indivíduos que possuem tais características, para os familiares destes e, por último, para nós, enquanto pertencentes a uma sociedade plural?



O termo hermafroditismo foi definido em 1876 por Theodor Albrecht Edwin Klebs em seu Handbuch der Pathologischen Anatomie e a classificação se baseia na natureza da gônada. O hermafroditismo se dividia em três principais grupos: pseudo-hermafroditismo masculino, que é a genitália ambígua com testículos; pseudo-hermafroditismo feminino, a genitália ambígua com ovários; hermafroditismo verdadeiro, testículo e ovário, com ou sem genitália ambígua. Após a descoberta dos cromossomos, modificaram a nomenclatura e adotaram os termos: ambiguidade genital com cariótipo 46,XY para o pseudo-hermafroditismo masculino; ambiguidade genital com cariótipo 46,XX para o pseudo-hermafroditismo feminino. Para o hermafroditismo verdadeiro, se manteve o termo.

O termo intersexo há poucos anos caiu em desuso, pois sugere a existência de um terceiro sexo ou sexo intermediário. O termo ADS (anomalias de diferenciação sexual) situa o indivíduo a partir de constituição de seu cariótipo, o que os estudiosos defendem que o ‘sexo genético’ é inerente a escolha e identidade. O problema é que mesmo assim, ADS ainda representa um conceito estigmatizante e persiste em uma terminologia dúbia, o que pretende ser revisto nos próximos Consensos.

Nós, do blog psi-intersex, preferimos adotar preponderantemente nas postagens e até mesmo no nome do blog o termo “Intersexualidade” por alguns motivos, apesar de este ser considerado um termo “ultrapassado” pelo discurso atualmente difundido das “Anomalias de Diferenciação Sexual”, dentre eles:

1-    O termo ADS, a nosso ver, traz uma noção de A-normalidade, de algo que está fora, não-pertencente. Desse modo, entendemos que o discurso que propõe a nomenclatura “Anomalias de Diferenciação Sexual” parte do discurso biomédico vigente de um binarismo natural da condição humana, e esta não corresponde a nossa visão.
2-    O termo “Intersexualidade”, por outro lado, nos remete a uma noção de algo entre dois “opostos”, ou seja, algo que, mesmo não se encaixando em um ou outro polo, ainda pertence ao todo, está inerente ao leque de possibilidades. Nesse sentido, intersexual engloba, incorpora e aceita as diferentes identidades como pertencentes a condição humana, e não exclui, retira e omite esta condição.

Acreditamos, no entanto, que não podemos finalizar a discussão a respeito dos termos, pois como vimos até aqui, a linguagem e o termo utilizado traz uma repercussão social e de ponto de vista influentes na vida de todos os envolvidos e da sociedade em geral. Preferimos utilizar o termo “Intersexualidade” ao da ADS pelos motivos explicitados, contudo acreditamos que uma reflexão mais profunda se faz necessária e oportuna hoje e futuramente.



Referência:

DAMIANI, Durval  and  GUERRA-JUNIOR, Gil. As novas definições e classificações dos estados intersexuais: o que o Consenso de Chicago contribui para o estado da arte?. Arq Bras Endocrinol Metab [online]. 2007, vol.51, n.6 [cited  2013-12-13], pp. 1013-1017 . Available from: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-27302007000600018&lng=en&nrm=iso>. ISSN 0004-2730.  http://dx.doi.org/10.1590/S0004-27302007000600018.

(Re)pensando o sexo II: O corpo e a sexualidade como uma relação de saber-poder. Diálogo com o pensamento foucaultiano.

 “Tem-se uma sexualidade desde o século XVIII, o sexo desde o XIX.   Antes, tinha-se, sem dúvida, a carne”. (Foucault)

       Um ser em que consiste a totalidade dos gêneros, essa seria uma boa concepção para iniciarmos esse diálogo sobre o corpo e a sexualidade como uma relação de saber-poder. Mas, vale ressaltar que aparentemente a concepção que prevalece atualmente e já profundamente arquitetada e estabelecida ao longo da história (principalmente na sociedade ocidental), é a de uma refutação a respeito da concepção da integração de opostos que por fim tem se perpetuado com a noção de anormalidade quando se trata da pessoa intersexuada. No Século XIX, segundo Foucault (2001) o hermafrodita era considerado como um tipo de monstro, visto como imperfeição da natureza ou moralmente deturpado. E ao que parece, ainda hoje, a pessoa intersexual é considerada como uma imperfeição da natureza, dentro dos ditames sociais vigentes já estabelecidos.
           Foucault argumenta no primeiro volume de A história da sexualidade, que o construto unívoco do “sexo” (a pessoa é de um sexo e, portanto, não é de outro) é (a) produzido a serviço da regulação e do controle social da sexualidade; (b) oculta e unifica artificialmente uma variedade de funções sexuais distintas e não relacionadas; e (c) então aparece no discurso como causa, como uma essência interior que tanto produz como torna inteligível todo tipo de sensação, prazer e desejo como específicos de um sexo. (BUTLER, Judith, 2003)

           Seguindo o pensamento de Foucault, nota-se que estamos vivendo em um tempo que não é marcado pela proibição de se falar sobre o sexo, mas por um regime que regula o sexo por meio de discursos públicos. “E a causa do sexo – a da sua liberdade, mas também a do conhecimento que dele se vai tendo e do direito que se tem de falar dele – acha-se com toda a legitimidade ligada à honra de uma causa política”, como descreveu Foucault no I volume de A história da sexualidade.
           O pensamento de Foucault pode nos ajudar a compreender um pouco mais sobre a não naturalidade das classificações a respeito do sexo, e também, nos ajudar a entender que essas mesmas classificações são criadas no âmbito do biopoder. Podemos exercer um olhar mais apurado a esse respeito, no que tange ao próprio surgimento das primeiras identidades sexuais no século XIX e sua clivagem. As classificações passam a surgir em detrimento de técnicas que procuram “normalizar”, controlar e modelar as pessoas, no que diz respeito ao seu próprio corpo, mexendo até mesmo com sua subjetividade. Quer-se saber a forma como cada um lida com o seu sexo (como falam dele, o que fazem dele, como lidam com ele), estabelecendo formas “normais” e “perversas” de prazer, a verdade do sexo, entre outros.
           A intersexualidade, dentro dos ditames sociais vigentes, é uma categoria que permanece ainda no anonimato; o sigilo emerge como um comportamento “ideal”, negociado entre a família e os profissionais de saúde. Ainda seguindo o pensamento de Foucault, poderíamos dizer que a grande questão não é se há repressão sobre o assunto “sexo”, mas, saber que há uma série de dispositivos que faz com que prolifere uma série de discursos sobre o “sexo”. Nesta Direção, a subjetividade do intersexual é construída através da mediação de valores e crenças sociais sobre o corpo e o gênero. Essa não identidade das pessoas intersexuais poderia emergir numa nova concepção política de uma descontinuidade sexual, um mundo que ultrapassa as categorias do sexo e da identidade.
Referências
FOUCAULT, M. História da Sexualidade I, A Vontade de Saber. Rio de Janeiro: Graal,1977.
FOUCAULT, M. Aula de 22 de janeiro de 1975. In: FOUCAULT, Michel. Os anormais. São Paulo: Martins Fontes, 2001, p. 69-100.
BUTLER, Judith. Foucault, Herculine e a política da descontinuidade sexual. Problemas de gênero-Feminismo e subversão da identidade, 2003.

(Re)pensando o sexo: Mito, Religião, Ciência e as visões sociais contemporâneas:


Na mitologia grega, o mito de Hermaphroditos, Ἑρμάφρόδιτός, Deus grego filho de Hermes e Afrodite, traz a origem do termo adotado hoje para classificar comumente um tipo de ADS. Segundo esta história, o Deus grego, de beleza extrema, desperta o amor da ninfa Sálmacis que, tomada pelos seus sentimentos, uniu ambos os corpos em um só.



Salmacis e Hermaphoditos Bartholomeus Spranger (c.1598). 

No artigo O sexo dos Anjos, que você pode encontrar no fim desta postagem como recomendação de leitura, a autora Paula Sandrine também nos remete ao estudo de Mircea Eliade que, em seu livro “Mefistófeles e o Andrógino: comportamentos religiosos e valores espirituais não europeus” traz a construção do Mito do andrógino, de Platão, por diversas culturas não ocidentais, de uma ideia divina da androginia e nos coloca uma possibilidade de pensar a variabilidade de sexos nos humanos como uma situação possível (Seriamos todos intersexuais? Leia aqui a entrevista com o Imunologista e Professor americano Gerald Callahan sobre esta proposição.)
Os chamados hermafroditas, ou qualquer outra pessoa com “deformidades” físicas, eram vistas, desde a Antiguidade, como essencialmente malígnas, ligados ao Satã e que precisavam ser mortas para não ameaçar o “frágil e constantemente ameaçado reino de Deus sobre a terra”  (LEITE, Jorge. 2009).
A visão do diabo também era associada a uma entidade dúbia, imprecisa, com seios femininos e pênis num só corpo, em oposição a ideia divina de clareza e precisão. É nesse sentido que formam-se as construções de cristo e dos anjos como quase assexuados, “pois o que importa são as sutilezas do espírito em manifestações de masculinidade ou feminilidade, enquanto o diabo e seus demônios tornam-se hipersexuados, focando na genitalidade corporal todo o desregramento cósmico da junção macho e fêmea.”.
Com o advento do iluminismo as diferenças entre o homem e a mulher caíram nos braços da ciência, ratificando a ideia dicotômica de sexo vigente até então e problematizando ainda mais a questão dos ADSs (antes chamados de “intersexs”). Passa-se a estudar as diferenças do cérebro masculino e feminino, como por exemplo uma maior atividade no lóbulo parietal inferior direito nos homens e o esquerdo nas mulheres (Sobre isso, leia “As diferenças encefálicas e níveis de atenção em homens e mulheres”). Diferenças hormonais também foram dicotomizadas, conheceu-se os efeitos da testosterona e relacionaram o nível de concentração deste, em homens e em mulheres, com seus comportamentos característicos. Deu-se nome, localizou-se no corpo, as principais diferenças comportamentais entre homens e mulheres e buscou-se “encaixar” os ADSs nas formas sociais aceitas, ou homem ou mulher.
 
“O homem vitruviano – Leonardo Da Vinci”

Por outro lado, há uma teoria conhecida como Queer, surgida na década de 80, que põe em cheque as formas de identidade humanas socialmente aceitas, dentre elas a ideia binária da condição humana- masculino/feminino- atribuindo uma condição cultural (e não natural) aos ideais de identidades sexuais, que produz um instrumento de poder sobre os corpos humanos, sejam estes os “normais” ou aqueles considerados patológicos, aqui se encaixando os intersexuais, por este binarismo e pelo discurso médico vigente, que justificam, dentre outras coisas, as intervenções cirúrgicas de adequação ao dimorfismo sexual. Contrariando este discurso médico de patologia dos indivíduos intersex e corroborando o discurso queer, CABRAL (2003) apud PINO (2007) nos diz que:
“A intersexualidade não é uma doença, mas uma condição de não conformidade física com os critérios culturalmente definidos de normalidade corporal”
É nesse sentido que nós podemos refletir criticamente, em princípio, sobre as decisões e discursos médicos de “readequação sexual”, através de intervenções cirúrgicas, não como saberes neutros e autônomos, isolados do contexto social, mas, pelo contrário, impregnados de ditames socialmente aceitos e normatizados do que vem a ser, além de tantos outros ditames sociais, homem e mulher. A teoria queer, nesse sentido, segundo PINO (2007):

“(...) Dispensa atenção aos indivíduos que não se conformam às regras e, portanto, vivem nas zonas de abjeção, lugares nos quais sua própria humanidade é contestada, exatamente por não corresponder aos ideais normativos do humano.”


Referências:
Castro Dutra Machado, Dionis de, Vale Bastos, Victor Hugo do, Porto Silva, Paulo Alberto, Fonseca de Andrade, Ubiratan, Silva, Júlio Guilherme, Furtado, Vernon, Ribeiro, Pedro. Diferenças sexuais encefálicas e níveis de atenção em homens e mulheresFitness & Performance Journal [On-line] 2005, 4 (Julio-Agosto) : [Data de consulta: 13 / diciembre / 2013] Disponível em:<http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=75117035005> ISSN 1519-9088

MACHADO, Paula Sandrine. O sexo dos anjos: um olhar sobre a anatomia e a produção do sexo (como se fosse) natural. Cad. Pagu [online]. 2005, n.24, pp. 249-281. ISSN 0104-8333.  http://dx.doi.org/10.1590/S0104-83332005000100012.


LEITE JR., Jorge. "Que nunca chegue o dia que irá nos separar": notas sobre epistémê arcaica, hermafroditas, andróginos, mutilados e suas (des)continuidades modernas. Cad. Pagu [online]. 2009, n.33, pp. 285-312. ISSN 0104-8333.  http://dx.doi.org/10.1590/S0104-83332009000200011.

PINO, Nádia Perez. A teoria queer e os intersex: experiências invisíveis de corpos des-feitos. Cad. Pagu [online]. 2007, n.28 [cited  2013-12-13], pp. 149-174 . Available from: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-83332007000100008&lng=en&nrm=iso>. ISSN 0104-8333.  http://dx.doi.org/10.1590/S0104-83332007000100008.

Caros Leitores,



 Iniciaremos, agora, uma série de postagens com o título “(Re)pensando o sexo”, com múltiplos pontos de vista que envolvem o tema geral da Intersexualidade (Usaremos, ao longo das postagens, o termo intersexual, por um ponto de vista consensual aos integrantes do grupo. Esta definição, no entanto, é considerada atualmente ultrapassada pelo Consenso de Chicago (2005), sendo substituída pelo termo “Anomalias da Diferenciação Sexual”. Dedicaremos uma postagem específica em breve sobre estas e outras nomenclaturas e suas discussões e ainda explicaremos o porquê da nossa escolha.


 Pois bem, iremos começar traçando uma evolução histórica do conhecimento e produções de “verdades” a respeito dos indivíduos intersexuais, desde o Mito da origem do primeiro hermafrodita até as visões clássicas do modelo biomédico, das neurociências e das discussões a respeito do construtivismo social de ideias como sexo e gênero, passando por uma análise das relações de poder envolvendo a temática, além da análise do discurso médico, dos próprios intersexuais e seus familiares, dentre outros levantamentos importantes.

Boa Leitura!